Agora sinto, sinto uma estranha agonia entre uma respiração e outra. E vejo o quanto demorei pra olhar para o que realmente deveria ser visto, viver o que realmente mostrava-se necessário ser acompanhado.
Sim acabou, e ligeiramente me permito olhar pra trás e dizer adeus... Oh meu Senhor o que é um adeus?
Será ele esse estranho líquido que amarga ao interromper minha boca, ou isso são lágrimas? São elas imagem refletida inversamente transmitidas de um ciclo de dentro para fora deglutidas de momentos que não sei narrar? Ou serão apenas elas? Eu não sou apenas eu, hoje sou muito pior! Canto músicas que não sei falar, vejo imagens que não sei interpretar, e ainda acho-as inspiradoras. Vou á lugares que não sei onde ficam, converso com pessoas que não sou capaz de dizer a cor de seus olhos.
E nesse momento? Nesse momento estou em meio a fumaça viciante e pesada de um bar, e o pior... eu a faço, a faço com um cigarro que me deram de troco na semana passada. Sou eu, o cigarro e um vasinho com uma flor de plástico em cima da mesa que insiste em me encarar, mas não estou tão excitada á me apaixonar... não hoje. As pessoas conversam, riem, me parece tão normal... me parece tão normal esses dementes ignorarem, no palco, o jovem que canta uma música que fala de algo que está 'tão longe'... me parece tão normal ter esse leve pressentimento de que ele canta pra mim, de que ele olha em meus olhos e escarra todas essas rimas, todas essas verdades, as quais você não teve coragem de dizer, eu sei.
Nessa noite excessivamente crua, na qual a lua deita sobre as nuvens, eu também experimentei negar o ar da minha graça... no celular ligações dos amigos, da mãe, até sua, mas eu não... irei ficar por aqui escorada na cadeira de madeira, inalando pecado e conversando com o menino da voz rasgada e rimas fáceis. Pois já sou tão amarga, que por honra me faço Lima.